sábado, 28 de agosto de 2010

Tenho Sede de Ti!


  • Pintura a óleo
  • Pertence a Padre Francisco Mendes

domingo, 15 de agosto de 2010

São João Baptista


São Rafael


São Miguel


São Gabriel


Santa Inês


Eva


Por Amor


  • Pintura sobre Gesso
  • Pertence a Maria Isabel

Anjo


  • Pintura sobre Gesso
  • Pertence a Maria Isabel

Sagrada Familia 2

  • Pintura sobre Gesso
  • Pertence a Manuela Pinheiro

domingo, 1 de agosto de 2010

A Cruz

A Cruz é o fruto da liberdade e do amor de Jesus. Não era necessária. Jesus qui-la, para nos mostrar o seu amor e a sua solidariedade com a dor humana. Para partilhar da nossa dor e torná-la redentora.
Jesus não veio suprimir o sofrimento: o sofrimento continua presente entre nós. Também não veio explicá-lo: continuará a ser um mistério. Veio para o acompanhar com a sua presença.
Ao contemplar a dor e morte de Jesus, o Santo, o Inocente, o Cordeiro de Deus, não podemos revoltar-nos diante do nosso sofrimento nem diante do sofrimento dos inocentes, embora continue a ser um tremendo mistério.
Jesus, em plena juventude, é eliminado e aceita a morte para nos abrir o paraíso com a força da sua bondade: «Na plenitude da vida, sendo o nosso guia e exemplo, deu o passo para a morte, porque Ele assim quis. Contemplai, aberto pela força de um Cordeiro, de par em par, o paraíso».
Em toda a sua vida, Jesus não fez mais do que descer: na encarnação, em Belém, no desterro. Perseguido, humilhado, condenado. Apenas sobe na Cruz. E nela está elevado, como a serpente no deserto, para que O vejamos melhor, para nos atrair e nos infundir esperança. Pois Jesus não nos salva de fora, como por artes mágicas, mas sim de dentro, partilhando os nossos problemas. Jesus não está na Cruz para nos ensinar como um mestre, com palavras, mas sim para partilhar a nossa dor solidariamente.
O discípulo, porem, não é de melhor condição que o mestre, diz Jesus. E acrescenta: «Aquele que quiser vir comigo que se renegue a si mesmo, carregue com a sua cruz e siga-me».
Não se vai para o céu, hoje, nem daqui a vinte anos. Vamos quando formos pobres e estivermos crucificados. «Sobe à minha cruz. Eu ainda não saí dela».
Não tenhas medo da Cruz. A Cruz aceite – não a procurada – tem um grande valor...
“Disse uma ostra a outra ostra: «Sinto uma grande dor dentro de mim. É pesada e redonda a minha carapaça e faz-me sofrer». A outra ostra replicou-lhe, com astúcia: «Bendito seja o céu e a terra e o mar. eu não sinto nenhuma dor dentro de mim. Sinto-me bem e feliz». Um caranguejo, que ia passando por ali, ouviu-as e disse para a que se sentia feliz: «Pois, sentes-te bem, mas a dor da outra é uma formosa pérola».
É a ambiguidade da dor. Quem não sofre, fica imaturo, verde. Quem a aceita, santifica-se. Quem a rejeita, amargura-se e revolta-se.

Surgimos da Escuridão

Surgimos da escuridão, surgimos do mar, na onda que se quebra na areia ao nascer do dia. Quando a noite se retirou, ali estávamos na terra a que chamaríamos de lar.
Surgimos da escuridão, surgimos da noite, a primeira de muitas manhãs neste novo lugar. Quando o sol rompeu a neblina, erguemo-nos como uma grande onda sobre a terra. Éramos agora o povo deste lugar.
O que arde por entre a chuva e a névoa? O que expulsa a escuridão? O que torna a montanha agreste?
Deus é o nosso Senhor e o nosso Pai. Rosto incandescente à porta do dia; conforto do lar, do gado e da colheita; Senhor da manhã, e do dia.
De coração erguido, cantamos o louvor, dançamos nos seus raios milagrosos.
*
Cristo morreu, o grande Senhor morreu mas Ressuscitou. Ele é como um escudo de bronze, uma parede de pedra. É como uma lança de luz, um guardião no alto, um rochedo no rio. É como o sol da manhã. É como um incêndio à noite. É uma história poderosa. É como um clarão na floresta, como uma tempestade repentina. Ele próprio é a VIDA ETERNA.
Raios e trovões fustigam as rochas. Assobiam os ventos e abatem-se tempestades sobre a floresta, espalhando manadas como grãos. O fogo salta do negro para o negro. Ao seu encontro, o medo e a raiva. Mas nós não sucumbiremos, nós não seremos lançados como grãos.
*
Eu Sou Jesus, perdido e desesperado. Eu Sou o Universo e o Universo Sou Eu. Forte e firme passeava pelo mundo. Mas a coroa e a cruz destruíram o meu conforto. Rasgado e magoado, ando de ramo em ramo. Os espinhos flagelam-me. Nem de dia nem de noite tenho paz.
*
Nenhuma vida dura para sempre aqui na nossa terra. Aqui cultivamos e lutamos, aqui amamos e morremos. Onda após onda, o mar da vida fustiga cada encosta.
*
Vimos o fumo da guerra ergue-se dos campos de trigo. Uma mancha sobre o sol. Secam as sementeiras, ossos de fome passeiam-se por caminhos apagados pela negra chuva da ruína.
Gerações completas erguem-se para partir. A terra enganou-nos. Negros soldados surgem contra nós. Com danças e cânticos, choramos nossos filhos.
Transportam-nos sobre os oceanos, dançando e cantando. Madrugada... partem os navios.
A dor de um amante ergue-se com a maré. E rasgam-se corações demasiados jovens para sofrer. O mar cruel é fundo, negro e vasto.
Surgimos da noite, surgimos do mar. Numa nova praia brilham as luzes da madrugada. Sem pai nem mãe, arrancados de nossos lares, trazemos lágrimas a esta terra... que faremos nossa.
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Fortes e firmes, como me ensinou minha mãe. Assim dançamos. Fortes e firmes, como me ensinou meu pai. Assim cantamos.
Calcando as estradas da cidade. Em charcos de luz pelas esquinas,... o orgulhoso e alegre Carnaval dos pobres.
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Sobre os telhados a musica chama. Ar conhecido mas não o nosso. Parece algo retirado de um livro de histórias. Alguém dançando, a nossa memória da neve...
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Apesar de tudo, a lua sobre a cidade e sobre a floresta é a mesma em toda a parte. Na terra antiga, a lua pinta de prateado os campos de trigo como aqui.
Todos os rios vão dar ao mar. Toda a terra vai buscar vida ao rio. Amanhã o sol surgirá sobre planícies douradas.
O meu coração ficará curado. Aqui, numa nova margem, ergo a cabeça.
Um novo passo trilhado na memória dos passos dados. Tudo é uma viagem. De uma a outra terra, de uma vida para outra vida, recriamo-nos sob o mesmo sol e a mesma lua.
Uma geração depois, o filho do emigrante encontra-se pela primeira vez na velha terra, familiar e tão estranha. A graça tece o seu cantar sobre a montanha. Memória, rica em cantares... Coração