domingo, 1 de agosto de 2010

A Cruz

A Cruz é o fruto da liberdade e do amor de Jesus. Não era necessária. Jesus qui-la, para nos mostrar o seu amor e a sua solidariedade com a dor humana. Para partilhar da nossa dor e torná-la redentora.
Jesus não veio suprimir o sofrimento: o sofrimento continua presente entre nós. Também não veio explicá-lo: continuará a ser um mistério. Veio para o acompanhar com a sua presença.
Ao contemplar a dor e morte de Jesus, o Santo, o Inocente, o Cordeiro de Deus, não podemos revoltar-nos diante do nosso sofrimento nem diante do sofrimento dos inocentes, embora continue a ser um tremendo mistério.
Jesus, em plena juventude, é eliminado e aceita a morte para nos abrir o paraíso com a força da sua bondade: «Na plenitude da vida, sendo o nosso guia e exemplo, deu o passo para a morte, porque Ele assim quis. Contemplai, aberto pela força de um Cordeiro, de par em par, o paraíso».
Em toda a sua vida, Jesus não fez mais do que descer: na encarnação, em Belém, no desterro. Perseguido, humilhado, condenado. Apenas sobe na Cruz. E nela está elevado, como a serpente no deserto, para que O vejamos melhor, para nos atrair e nos infundir esperança. Pois Jesus não nos salva de fora, como por artes mágicas, mas sim de dentro, partilhando os nossos problemas. Jesus não está na Cruz para nos ensinar como um mestre, com palavras, mas sim para partilhar a nossa dor solidariamente.
O discípulo, porem, não é de melhor condição que o mestre, diz Jesus. E acrescenta: «Aquele que quiser vir comigo que se renegue a si mesmo, carregue com a sua cruz e siga-me».
Não se vai para o céu, hoje, nem daqui a vinte anos. Vamos quando formos pobres e estivermos crucificados. «Sobe à minha cruz. Eu ainda não saí dela».
Não tenhas medo da Cruz. A Cruz aceite – não a procurada – tem um grande valor...
“Disse uma ostra a outra ostra: «Sinto uma grande dor dentro de mim. É pesada e redonda a minha carapaça e faz-me sofrer». A outra ostra replicou-lhe, com astúcia: «Bendito seja o céu e a terra e o mar. eu não sinto nenhuma dor dentro de mim. Sinto-me bem e feliz». Um caranguejo, que ia passando por ali, ouviu-as e disse para a que se sentia feliz: «Pois, sentes-te bem, mas a dor da outra é uma formosa pérola».
É a ambiguidade da dor. Quem não sofre, fica imaturo, verde. Quem a aceita, santifica-se. Quem a rejeita, amargura-se e revolta-se.

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